quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O sono roubado...


22h e ele já está pronto para dormir.
Após falar com sua amada - que ainda avalia se vale a pena investir parte da sua vida na companhia daquele cara, meio careca, meio em forma - ele se acomoda da melhor maneira na cama, pensa em ativar o sleep da TV, mas como passando o jogo da Seleção Brasileira de Futebol, ele desiste e aperta o off.
Após um dia agitado, de muitos compromissos profissionais, elaboração de propostas que podem fazer do seu futuro financeiro algo mais interessante e depois de algumas corridas no Parque da Redenção para tentar ficar totalmente em forma, pensava ele estar apto a ter o sono dos justos.
Mas que nada.
Como sempre, a sua vizinhança o surpreenderia.
Como se já não bastasse o músico que toca violão até a hora que acabam as palhetas, a vizinha que grita loucamente com seu pinscher, a outra que berra com seu filho de 2 anos (às vezes ele tem a impressão de que essa criança sofre alguma mutação que o faz agir como uma criança de 10 anos, tamanha as palavras de baixo calão que a mãe utiliza para xingá-lo), ainda havia algo novo, uma coisa que jamais ele havia percebido e que, assim como os outros, o incomodaria o suficiente para perder o sono.
Era "O Grito".
4h da manhã, ele rola na cama de um lado ao outro, inconscientemente em busca daquela que prometeu estar ao seu lado o resto da vida, mas não a encontra - ela ainda está pensando - e num movimento brusco, quase cai da cama, que o faz acordar e perceber que sua bexiga está completamente cheia e que o famoso "tesão urinário" se faz presente, o que o obriga - aos tropeços, buscar alívio no banheiro.
Um tanto sonolento, ele aguça seus ouvidos e abrindo os olhos lentamente, como quem sincroniza visão e audição ele consegue entender o que se passa:

- "ai amor....soca....soca...vai....vai...ãããhnnn....vai...soca forte, vai..."

Seguido de um grunhido de uma cama de metal que acompanhava os gritos, gemidos e movimentos que estão a fazer daquela mulher, num primeiro momento, uma pessoa feliz.
Porém, depois de alguns momentos em silêncio, apenas o barulho irritante da cama, ele começa a ouvir choros:

- ahããnnnnnn.....ãhããããnnnnn....

Confusão mental generalizada!
Gritos, gemidos, urros e...choro? Ele buscou na sua mente, nos seus arquivos mentais de filmes pornográficos, algum clássico asiático ou americano que contivesse tais elementos num mesmo instante, numa mesma cena e...nada. Apenas o vazio, tela colorida no melhor estilo "canal fora-do ar".
E a guerra sexual travada na casa da vizinha é reiniciada, mas o choro foi substituído pelos gritos e gemidos de prazer. E súplicas. Mas, ele que achava já ter ouvido o suficiente, volta pra cama, tenta acomodar-se no vazio de sua cama e mais que de repente ele ouve:

- Come a minha b..... amor!!! come....vai.....vai.....ãhãããããnnnn....humf....humf......ããããnnnn....soca....soca....

Depois disso, ele só pensava:
- Preciso atualizar meu banco de dados, preciso atualizar meu banco de dados...

E assim, como quem conta ovelhinhas, ele adormeceu sem ter certeza se aquela vizinha teve seu pedido atendido ou acabou mudando de idéia no caminho.
Mas os gritos cessaram.

E ele dormiu o sono dos justos...

2 comentários:

Anônimo disse...

Putz
Isso é foda
Literalmente

Anônimo disse...

Rodrigão, o pervertido...

Qual é mesmo o endereço do teu prédio?