sexta-feira, 26 de outubro de 2007
O hábito do desperdício do brasileiro...
Ontem eu fui num evento do Sebrae chamado "A Hora do Empreendedor" que acontece na última quinta-feira de cada mês na USEN aqui em Porto Alegre, onde eles convidam empreendedores de sucesso para falar de sua história, de como começaram e tudo relacionado a negócios (eu entendi isso, pelo menos). Sou um curioso nato e com a grande ambição de um dia ficar multi-milionário e usar nota de U$ 100 pra limpar a bunda e por isso, me interesso sobre como pensam os caras que quase chegaram lá (quase, porque ainda não ouvi o Bill Gates, o Carlos Slim. Warren Buffett...).
Bom, como eu tinha um assunto pra tratar com o Mestre Ôda e me lembrei de ligar para ele antes das 18h , aproveitei e o convidei para me acompanhar, apesar de saber que num primeiro momento ele não teria interesse, mas depois descobri o contrário:
- Ô cara, tô indo num evento do Sebrae, onde o dono da XXX vai estar falando sobre negócios e tal. Tu estás afim de ir comigo? é gratuito.
No que ele me faz a pergunta que resume o "naipe" do cidadão:
- Vai ter coffee break?
Óbvio que não preciso dizer que enchi o saco dele por causa disso, afinal de contas ele deveria ter pensado, seguindo uma lógica, sobre o que aquilo agregaria na vida e não no estômago dele.
Pobre é foda.
Mas mesmo sem ter a certeza de que haveria rango liberado, o desgraçado me acompanhou.
Chegando lá, nos sentamos e ficamos observando o movimento, falando amenidades até começar a palestra. O cara que tava falando era muito bacana, com uma história de vida de sucesso, considerando que o cara era agricultor e hoje é dono de uma rede de material de acabamento para construção civil que atende, somente, as classe A e B (pobre na loja dele, nem pensar).
Pelo perfil do cara, percebe-se que se pode extrair informações bem interessantes sobre como começar um negócio, as dificuldades, as facilidades, etc (eu estava lá mais pelos contatos e informações e não pelo empreendedorismo).
Mas como sempre há um infeliz em tudo que é lugar, num dado momento onde o palestrante estava respondendo o que era ser empresário no Brasil, se ouve no fundo uma intervenção como segue:
O infeliz (I): Até sair da cidade?
O Palestrante (P): ???????
I - ?????
P - ?????
P - Errr....não entendi tua pergunta, desculpe...(não é que ele não tinha entendido, não tinha sentido a pergunta, dentro do contexto e do raciocínio que ele vinha desenvolvendo);
I - Então eu te explico (cheio de autoridade)...é que assim, eu tenho 20 mil e liguei pro meu sobrenho no interior e perguntei pra ele se tinha fábrica de cueca por lá....
Toda a platéia: ????????
I - E eu perguntei se ele achava que havia espaço pra colocar uma fábrica de cueca popular por lá. Ele disse que tem um espaço nos fundo da casa que dá pra montar um negócio. Então eu te pergunto: eu devo sair da cidade e ir pro interior?
Meudeusdocéu!!!! Eu não acreditei que o cara tava perguntando aquilo, ou melhor, fazendo uma consulta de como abrir um negócio de cueca, pra um cara da construção civil!!!!
Lógico que o palestrante não soube responder e passou a palavra para o consultor do Sebrae que mediava o bate-papo que indicou o serviço especializado do Sebrae para isso.
Mas eu pensei: pô, uma baita oportunidade de saber como pensam os caras que conseguem ganhar dinheiro num país desgraçado desse, com impostos saindo pelo ralo, concorrência desleal, pirataria a flor da pele e o infeliz, ao invés de querer saber como o cara conseguiu sobreviver a tudo isso e ainda ganhar dinheiro, não, ele pergunta o que ele achava dele sair da cidade pra ir pro interior fazer cueca. Santa paciência.
Ainda bem que tinha coffee break....
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2 comentários:
Eu preciso ganhar dinheiro... muito dinheiro!
Ainda não sei como!
Mas eu sei que para isso o cara tem que possuir uma característica: não ter medo de ser feliz. Pegar tudo o que tu tem (inclusive a cueca) vender e arriscar num negócio que tu não tem idéia se vai dar certo ou não. É a mesma coisa do cara mais ou menos numa festa que chega na guria mais linda, sem medo de ser feliz. Sem medo de levar um não!
Essa característica é imprescindível...
Rodrigão, o curioso...
Eu ia perguntar se teve coffee break.
O cara cagou na cueca!
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